segunda-feira, janeiro 29

Vantagem na corrida


Pelo visto, não estou na torcida por “Pequena Miss Sunshine” sozinha. O Sindicato de Atores do EUA deu ao filme o prêmio de Melhor Elenco, que, segundo aquele crítico de cinema do Jornal da Paraíba, meu digníssimo namorado Renato Félix, é o equivalente a categoria de Melhor Filme (essa categoria não é premiada pelo sindicato).

Bom, se ganhou de Leonardo DiCaprio, Matt Damon e Jack Nicholson em “Os Infiltrados”, as chances são maiores do que eu esperava. :)
Mais detalhes...
Greg Kinnear e Abigail Breslin na premiação

terça-feira, janeiro 23

Pequena Miss Sunshine

Passei a vida inteira ouvindo uma cantada barata em que diz que nos “menores frasquinhos estão as melhores fragrâncias”. Pois bem, hoje uso essa expressão tão manjada para falar de algo extremamente original e belo: Pequena Miss Sunshine, filminho americano de baixo orçamento, indicado ao Oscar esse ano. “Menores frascos”, diga-se de passagem, em referência a ausência de efeitos e ao baixo custo de produção (míseros US$ 8 milhões), que acarreta numa porção de coisas que poderiam fazê-lo não chegar ao Bafta, ao Globo de Ouro e, muito menos, ao Oscar.

Pois chegou. E chegou com classe, concorrendo aos prêmios de Melhor Filme, Roteiro Original, Ator e Atriz Coadjuvantes. Ótimo! Viva o filme que mais me fez chorar em 2006! :)

Uma ajuda do adorocinema para facilitar minha vida: “O pai desenvolveu um método de auto-ajuda que é um fracasso, o filho mais velho fez voto de silêncio, o cunhado é um professor suicida e o avô foi expulso de uma casa de repouso por usar heroína. Nada funciona para o clã, até que a filha caçula, a desajeitada Olive (Abigail Breslin), é convidada para participar de um concurso de beleza para meninas pré-adolescentes. Durante três dias eles deixam todas as suas diferenças de lado e se unem para atravessar o país numa kombi amarela enferrujada.”

Eu já vi que a ingenuidade é algo que me comove muito. Assim foi com O Fabuloso Destino de Amélie Poulain e agora com Pequena Miss Sunshine.

O filme é uma comédia engraçadíssima, que beira a tragédia com muita sutileza. São tantas desgraças acontecendo em torno dessa família, que chega a ser cômico. E o melhor momento dessa tragicomédia acontece nos minutos finais do filme, quando, enfim, a pequena Olive concorre ao sonhado Miss Sunshine. Em respeito àqueles que não assistiram ainda, não vou comentar a cena, mas a sensação que ela causou em mim, ah, disso eu não posso me esquivar. Comecei a rir desesperadamente, assim como todos que estavam no cinema naquele dia. Quando me dei conta, já estava me derretendo em lágrimas, que, a princípio, poderiam até ser fruto da comédia, mas que depois ficou claro que elas estavam caindo dos meus olhinhos por culpa da enorme tragédia que aquilo tudo acarretava. Nossa! Despertou uma sensação extremamente nova em mim. E como é bom o ineditismo de uma sensação!

Bom, já que Cinema, Aspirinas e Urubus ficou fora, essa é a minha torcida por Pequena Miss Sunshine!

terça-feira, janeiro 16

O Dia em que Meus Pais Vieram para a Minha Formatura*...

Eu passei meses decidindo se faria uma festa de formatura ou não. Primeiro perguntei aos meus pais, claro, se eles estavam dispostos a pagar uma festinha pra mim. Eles, como eu já esperava, se dispuseram. A primeira filha a se formar... O glamour da festa... Mainha ia poder, enfim, ver uma de suas filhas bem produzida, com unha pintada, de sobrancelha feita, cabelo ‘enlaquezado’... Por tudo isso, estava claro que a festa ia acontecer. E aconteceu!

Como eu acredito profundamente no poder da palavra, vale a pena registrar em texto o que ficou nas ‘entrelinhas das fotos’...

Os amigos mais antigos sabem que eu tenho um histórico bem parecido com aquele personagem da Turma da Mônica, o Do Contra. [Hoje eu tenho consciência de que uma pessoa que veste uma calça pelo avesso não pode ser absolutamente normal...] Pois bem, a prova disso é que a turma com quem eu fiz a festa não era a de jornalismo, mas, sim, a de rádio e TV. Uma turma relativamente complicada. Não queria ser clichê, mas queria descer a escada com aquela música de Celebridades. Ainda decidiram que a cor do vestido da formatura seria pink! Eu posso com isso? Bom, e aí a pergunta que não quer calar: e por que eu não me formei com a turma de jornalismo? Simples, a festa de jornal aconteceu no dia 30 de dezembro do ano passado. No dia anterior, meus pais – que têm um buffet – tinham uma festa de formatura para mais de 1.200 pessoas, o que os impossibilitava de vir. Eu também não posso ignorar o valor da festa, orçado em aproximadamente mil reais. Então, para não passar em branco, fiz com outra habilitação. Uma festa mais barata... Numa data interessante para os meus pais (4 de janeiro)... Os meus amigos poderiam ir... Pronto, estava decidido. Agora era arranjar um salão de beleza e ser feliz!

Meus pais chegaram um dia antes, acompanhados dos meus irmãos, minha cunhada e meu sobrinho lindo. Minha roupa ainda estava sendo fabricada, mas estava no prazo, já que encomendei poucos dias antes do Natal. E - quem diria? - o mais problemático de tudo foi o maldito salão de beleza. Até achamos a cabeleireira facilmente (a mãe de uma amiga de Maria Clara), mas não fazíamos idéia que ela não ia gostar de mim... Cheguei lá com o sonho de cachear os meus escorridos cabelos - sonho que caiu por terra assim que eu vi o que ela estava fazendo com o cabelo da minha irmã. Vi logo que não ia prestar e já corri para o plano B: cortar curtinho, algo bem moderno. O problema todo foi quando este diálogo aconteceu:

Eu: - Mas antes de cortar eu gostaria de saber mais ou menos como vai ficar. Você não teria uma revista pra eu dar uma olhadinha?
Cabeleireira: - Tenho, mas acho que você deveria confiar na cabeleireira. Cortar tem muito de criatividade...

Enquanto eu estava olhando as revistas ela já olhava pra mim de modo muito estranho, ameaçador, eu diria. Pois bem, resolvi sentar na cadeira antes que ela passasse a máquina na minha cabeça no zero. Ela puxou meu cabelo, botou laquê no meu olho e ainda fez uma maquiagem que eu detestei. Pior de tudo foi quando eu disse: “Não gostei desse batom, não combina comigo”. E ela: “Não, mas ele é o ideal.” E NÃO TIROU! Eu disse que queria meus olhos bem pretos, ELA BOTOU ROSINHA CLARO! Saí de lá irada por não poder fazer um escândalo (não queria criar um clima entre Maria Clara e a amiga) e porque a conta deu altíssima. Ah! Além de tudo, os cachos do cabelo de Maria Clara, como eu já havia percebido desde que encostaram o baby liss nela, caíram assim que ela botou o pé fora do salão.

Como esse texto já está longo demais, vou resumir o que aconteceu no resto da noite que as fotos não revelam. O jantar que mainha comprou no Pão de Açúcar estava estragado. O salgado da festa estava horrível. Algumas amigas importantes não puderam ir. A banda era realmente péssima - não teve coragem de cantar, sequer, “Estúpido Cupido”. Mainha foi dormir com uma infecção intestinal horrorosa e eu com calafrios, tamanha era a minha febre. No outro dia, quando a família estava voltando pra Patos, o motor do carro quebrou na saída de João Pessoa. Disso só fiquei sabendo uma semana depois, porque painho, para não me preocupar, deixou o carro na oficina, pegou um emprestado com um amigo e foi embora sem nos contar nada.

Pronto. A parte realmente boa da festa não precisa contar. É só ver as fotos. =)

Moral da história: quando você precisar de uma cabeleireira pergunte logo se ela se acha uma artista. Se a resposta for sim, caia fora.

*Plagiando “O Dia em que Meus Pais Saíram de Férias”: um filme nacional dirigido por Cao Hambúrguer, mesmo diretor de Castelo Rá-Tim-Bum.